Há uma semana que um assunto tem rendido muita discussão: a convocação do Dunga para a Copa da África. Em todos os lugares que fui nesses últimos dias ouvi gente realmente muito revoltada com a presença de alguns nomes e a ausência de outros.
E a insatisfação não fica só no boca a boca, nas mídias tem sido a mesma coisa. Crítica especializada e população em geral, todos esbravejando contra o treinador e afirmando com total convicção que essa seleção não vai longe, muitos dizem, aliás, que se passar da primeira fase já terá feito o bastante.
Percebo que a desilusão antecipada da enorme maioria contrasta bastante com o entusiasmo e o clima de "já ganhou" da última Copa. Diante dessa realidade não preciso queimar muitos neurônios para concluir que o brasileiro em geral prefere o circo, a ginga, a brincadeira, o jogo bonito, o futebol moleque, tudo isso em detrimento do futebol sério e objetivo.
Não, o Dunga não errou! Pelo contrário, ele acertou e em cheio. As argumentações contrárias às convocações do técnico brazuca não se amparam em fundamentos realmente concretos.
Querem ver numa Copa do Mundo nomes que têm tudo para vingar, mas que ainda não passam de promessas como Neymar e P.H Ganso. Parecem ter a mais pura convicção de que ambos com a camisa da seleção farão exatamente aquilo que fazem no Santos, simples assim, como se futebol fosse exato como 2 + 2.
Mas não é! Não sou em quem diz isso, mas a própria história desse esporte.
Quando Robinho despontou no Santos, por exemplo, o mundo aguardou ansioso para ver o seu talento brilhar na Europa. No entanto, jogando pelo Real Madrid e pelo Manchester City ele não foi sombra daquilo que era no time da Vila. Por outro lado, o jogador também rende muito e é fundamental na seleção brasileira.
O que dizer de Messi então? É um craque no Barcelona, sem dúvidas um dos grandes jogadores das últimas décadas, mas se jogasse pelo clube catalão o mesmo que joga pela seleção do seu País, com sorte estaria vestindo a camisa do Independiente ou do Vélez.
Kaká é outro. Craque, gênio, isso é indiscutível, mas mesmo antes da contusão no púbis não conseguiu jogar pelo Real Madrid nem 10% do que jogava no Milan.
E o maior de todos os exemplos – aí já fazendo uma ligação com a lista dos convocados por Dunga – é a seleção brasileira que disputou a última Copa do Mundo. Apenas a nata da nata do futebol mundial fazia parte do plantel de Parreira.
Aí quase ninguém discordou da convocação, era tudo que o povo e a imprensa desse País queriam ver: um time formado por mega-stars do mundo da bola.
Então era só sentar e aguardar o espetáculo começar. O título? Ah, isso seria uma mera conseqüência, afinal, com todos aqueles astros em campo, quem ousaria duvidar que quaisquer outros onze homens seriam capazes de impedir o show da seleção Cirque du Soleil?
Mas impediram. No circo armado para os palhaços brasileiros fazerem a festa da nação, foi um mágico francês quem roubou a cena e ditou o ritmo, provando que no futebol, genialidade, frieza e dedicação são fatores muito mais determinantes do que apenas e tão somente esse futebol alegre, que no geral é muito pouco objetivo.
Com a festa encerrada de forma antecipada, a platéia vaiou ensandecida, parecia não acreditar no que havia acontecido. O 2 + 2 tinha dado 5. A ficha demorou para cair. Era inimaginável que aquela seleção encharcada de craques e embebedada de otimismo pudesse parar diante do futebol de inteligência e coletividade da seleção francesa.
É, mas brasileiro esquece rápido, não? E agora, quatro anos após toda essa patifaria, o que o povo e a imprensa esportiva exigem? Uma nova temporada do mesmo espetáculo circense de quatro anos atrás.
Pedem aos berros para que Dunga despeça seus "funcionários", desfaça boa parte de um grupo quase todo já formado, bem entrosado e que alcançou todas as metas impostas desde o início da espinhosa jornada e aposte em um incerto "time dos sonhos", formado por jogadores que ainda não passam de grandes promessas e por outros que já tiveram suas chances na seleção, mas pipocaram na hora H.
Simples assim, dessa forma tirana: "olha meu camarada, valeu pelo seu trabalho, por ter me ajudado a dar certo aquilo que todos diziam que daria errado, mas agora você tá dispensado, pode ficar com a sua família assistindo a mais um "mega-show" da seleção brasileira na poltrona da sua casa”.
Seria como o sujeito namorar durante três anos com aquela moça toda católica, certinha, noivar, aguardar mais um ano pelo casamento e na hora de desvirginar a donzela ouvir a seguinte declaração: "ah amor, esquece, vou dar pro Carlão"!
Mas como o Dunga não é pilantra como a mocinha da estória, optou por uma palavra que todos estão matando a pau, a tal da coerência.
Ah, e pra finalizar, gostaria de dizer que tenho ouvido na imprensa que caso o Brasil precise reverter uma eventual desvantagem não terá ninguém no banco que possa entrar para desequilibrar. Pois isso só prova a falta de conhecimento dessa gente falante.
Numa boa, se o caldo engrossar em uma partida de Copa do Mundo e o sujeito me falar que prefere contar com as firulas e a ginga de um Ronaldinho ou um Neymar ao invés da truculência e da determinação de um Júlio Baptista, da experiência de um Elano, do oportunismo de um Grafite, da potência do chute de fora da área de um Daniel Alves, eu paro com a conversa por aí...
(Bruno Messias)
Que Dunga Cale a Maioria
terça-feira, 18 de maio de 2010
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